HISTÓRICO
A
higiene do trabalho hoje, é uma ciência muito moderna. O seu desenvolvimento
teve que esperar por muito tempo, principalmente os avanços da medicina e com
ela se mistura em sua origem.
Existem vários
fatos históricos que mostram a existência da higiene industrial.
As
atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocínio
e pelo seu instinto gregário, o homem conseguiu, através da história, criar uma
tecnologia que possibilitou sua existência no planeta.
Uma revisão
dos documentos históricos relacionados à Segurança do Trabalho permitirá
observar muitas referências a riscos do tipo profissional mesclados aos
propósitos do homem de lograr a sua subsistência. Na antiguidade a quase
totalidade dos trabalhos eram desenvolvidos manualmente - uma prática que nós
encontramos em muitos trabalhos dos nossos dias.
Hipócrates
em seus escritos que datam de quatro séculos antes de Cristo, fez menção à
existência de moléstias entre mineiros e metalúrgicos.
Plínio, O
Velho, que viveu antes do advento da era Cristã, descreveu diversas moléstias
do pulmão entre mineiros e envenenamento advindo do manuseio de compostos de
enxofre e zinco.
Galeno, que
viveu no século II, fez várias referências a moléstias profissionais entre
trabalhadores das ilhas do mediterrâneo.
Agrícola e
Paracelso investigaram doenças ocupacionais nos séculos XV e XVI. Georgius Agrícola, em 1556, publicava o livro "De Re
Metallica", onde foram estudados diversos problemas relacionados à
extração de minerais de prata e ouro, e à fundição dos mesmos. Esta obra
discute os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns entre os mineiros,
dando destaque à chamada "asma dos mineiros". A descrição dos
sintomas e a rápida evolução da doença parece indicar sem sombra de dúvida,
tratarem de silicose.
Em 1697
surge a primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença de
autoria de Paracelso: "Von Der Birgsucht Und Anderen Heiten". São
numerosas as citações relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas
com doenças. Destaca-se que em relação à intoxicação pelo mercurio, os
principais sintomas dessa doença profissional foram por ele assinalados.
Em 1700 era
publicado na Itália, um livro que iria ter notável repercusão em todo o mundo.
tratava-se da obra "De Morbis Artificum Diatriba" de autoria do
médico Bernardino Ramazzini que, por esse motivo é cognominado o "Pai da
Medicina do Trabalho". Nessa importante obra, verdadeiro monumento da
saúde ocupacional, são descritas cerca de 100 profissões diversas e os riscos
específicos de cada uma. Um fato importante é que muitas dessas descrições são
baseadas nas próprias observações clínicas do autor o qual nunca esquecia de
perguntar ao seu paciente: "Qual a sua ocupação?".
Devido a
escasses de mão de obra qualificada para a produção artesanal, o gênio
inventivo do ser humamno encontrou na mecanização a solução do problema.
Partindo da
atividade predatória, evoluiu para a agricultura e pastoreio, alcançou a fase
do artesanato e atingiu a era industrial.
Entre 1760 e
1830, ocorreu na Inglaterra a Revolução Industrial, marco inicial da moderna
industrialização que teve a sua origem com o aparecimento da primeira máquina
de fiar.
Até o
advento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem, o artesão fora dono dos
seus meios de produção. O custo elevado das máquinas não mais permitiu ao
próprio artífice possuí-las. Desta maneira os capitalistas, antevendo as
possibilidades econômicas dos altos níveis de produção, decidiram adquiri-las e
empregar pessoas para faze-las funcionar. Surgiram assim, as primeiras fábricas
de tecidos e, com elas, o Capital e o Trabalho.
Somente com
a revolução industrial, é que o aldeão, descendente do troglodita, começou a
agrupar-se nas cidades. Deixou o risco de ser apanhado pelas garras de uma
fera, para aceitar o risco de ser apanhado pelas garras de uma máquina.
A introdução
da máquina a vapor, sem sombra de dúvida, mudou integralmente o quadro
industrial. A indústria que não mais dependia de cursos d'água, veio para as
grandes cidades, onde era abundante a mão de obra.
Condições
totalmente inóspitas de calor, ventilação e umidade eram encontradas, pois as
"modernas" fábricas nada mais eram que galpões improvisados. As
máquinas primitivas ofereciam toda a sorte de riscos, a as consequências
tornaram-se tão críticas que começou a haver clamores, inclusive de orgãos
governamentais, exigindo um mínimo de condições humanas para o trabalho.
A
improvisação das fábricas e a mão de obra constituída não só de homens, mas
também de mulheres e crianças, sem quaisquer restrições quanto ao estado de
saúde, desenvolvimento físico passaram a ser uma constante. Nos últimos
momentos do século XVIII, o parque industrial da Inglaterra passou por uma
série de transformações as quais, se de um lado proporcionaram melhoria
salarial dos trabalhadores, de outro lado, causaram problemas ocupacionais
bastante sérios.
O trabalho
em máquinas sem proteção; o trabalho executado em ambientes fechados onde a
ventilação era precária e o ruído atinge limites altíssimos; a enexistência de
limites de horas de trabalho; trouxeram como consequência elevados índices de
acidentes e de moléstias profissionais.
Na
Inglaterra, França e Alemanha a Revolução Industrial causou um verdadeiro massacre
a inocentes e os que sobreviveram foram tirados da cama e arrastados para um
mundo de calor, gases, poeiras e outras condições adversas nas fábricas e
minas. Esses fatos logo se colocaram em evidência pelos altos índices de
mortalidade entre os trabalhadores e especialmente entre as crianças.
A
sofisticação das máquinas, objetivando um produto final mais perfeito e em
maior quantidade, ocasionou o crescimento das taxas de acidentes e, também, da
gravidade desses acidentes.
Nessa época,
a causa prevencionista ganhou um grande adepto: Charles Dickens. Esse notável
romancista inglês, através de críticas violentas, procurava a todo custo
condenar o tratamento impróprio que as crianças recebiam nas indústrias
britânicas.
A informação mais antiga sobre a preocupação com a
segurança do trabalho está registrada num documento egípcio. O papiro
Anastacius V fala da preservação da saúde e da vida do trabalhador e descreve
as condições de trabalho de um pedreiro. Também no Egito, no ano 2360 a.C., uma
insurreição geral dos trabalhadores, deflagrada nas minas de cobre, evidenciou
ao faraó a necessidade de melhorar as condições de vida dos escravos.
O Império Romano aprofundou o estudo da proteção médico-legal dos trabalhadores e elaborou leis para sua garantia. Os pioneiros do estabelecimento de medidas de prevenção de acidentes foram Plínio e Rotário, que pela primeira vez recomendaram o uso de máscaras para evitar que os trabalhadores respirassem poeiras metálicas.
As primeiras ordenações aos fabricantes para a adoção de medidas de higiene do trabalho datam da Idade Média. Os levantamentos das doenças profissionais, promovidos pelas associações de trabalhadores medievais, tiveram grande influência sobre a segurança do trabalho no Renascimento. Nesse período, destacaram-se Samuel Stockausen como pioneiro da inspeção médica no trabalho e Bernardino Ramazzini como sistematizador de todos os conhecimentos acumulados sobre segurança, que os transmitiu aos responsáveis pelo bem-estar social dos trabalhadores da época na obra intitulada De morbis artificum (1760; Sobre as doenças dos trabalhadores).
Em 1779, a Academia de Medicina da França já fazia constar em seus anais um trabalho sobre as causas e prevenção de acidentes. Em Milão, Pietro Verri fundou, no mesmo ano, a primeira sociedade filantrópica, visando ao bem-estar do trabalhador. A revolução industrial criou a necessidade de preservar o potencial humano como forma de garantir a produção.