Principais equipamentos de proteção individual


Abaixo, estão listados os principais itens de EPI disponíveis no mercado, além de informações e descrições importantes para assegurar a sua identificação e o uso:

LUVAS:
Um dos equipamentos de proteção mais importantes, pois protege as partes do corpo com maior
risco de exposição: as mãos. Existem vários tipos de luvas no mercado e a utilização deve ser de
acordo com o tipo de formulação do produto a ser manuseado.
A luva deve ser impermeável ao produto químico. Produtos que contêm solventes orgânicos, como
por exemplo os concentrados emulsionáveis, devem ser manipulados com luvas de BORRACHA
NITRÍLICA ou NEOPRENE, pois estes materiais são impermeáveis aos solventes orgânicos.
Luvas de LÁTEX ou de PVC podem ser usadas para produtos sólidos ou formulações que não
contenham solventes orgânicos.
De modo geral, recomenda-se a aquisição das luvas de "borracha NITRILICA ou NEOPRENE",
materiais que podem ser utilizados com qualquer tipo de formulação.
Existem vários tamanhos e especificações de luvas no mercado. O usuário deve certificar-se
sobre o tamanho ideal para a sua mão, utilizando as tabelas existentes na embalagem.


Respiradores Geralmente chamados de máscaras, os respiradores têm o objetivo de evitar a 
 inalação de vapores orgânicos, névoas ou finas partículas tóxicas através das vias respiratórias. 
Existem  basicamente dois tipos de respiradores: sem manutenção (chamados de descartáveis) que possuem uma vida útil relativamente curta e recebem a sigla PFF (Peça Facial Filtrante), e os de baixa 
manutenção que possuem filtros especiais para reposição, normalmente mais duráveis.
Os respiradores mais utilizados nas aplicações de produtos fitossanitários são os que possuem 
filtros P2 ou P3. Para maiores informações consulte o fabricante.
Os respiradores são equipamentos importantes mas que podem ser dispensados em algumas 
situações, quando não há presença de névoas, vapores ou partículas no ar, por exemplo:
a) aplicação tratorizada de produtos granulados incorporados ao solo;
b) pulverização com tratores equipados com cabines climatizadas.

                                                               
Devem estar sempre limpos, higienizados e os seus filtros jamais devem estar saturados. Antes do uso de
qualquer tipo de respirador, o usuário deve estar barbeado, além de realizar um teste de ajuste de vedação,
para evitar falha na selagem.
Quando estiverem saturados, os filtros devem ser substituídos ou descartados.
É importante notar que, se utilizados de forma inadequada, os respiradores tornam-se desconfortáveis e pó-
dem transformar-se numa verdadeira fonte de contaminação.
O armazenamento deve ser em local seco e limpo, de preferência dentro de um saco plástico.
Viseira facial Protege os olhos e o rosto contra respingos durante o manuseio e a aplicação.
A viseira deve ter a maior transparência possível e não distorcer as imagens. Deve ser revestida 
com viés para evitar corte. O suporte deve permitir que a viseira não fique em contato com o rosto do traba-
lhador e embace. A viseira deve proporcionar conforto ao usuário e permitir o uso simultâneo do 
respira-dor, quando for necessário.
Quando não houver a presença ou emissão de vapores ou partículas no ar o uso da viseira com o
boné árabe pode dispensar o uso do respirador, aumentando o conforto do trabalhador.
Existem algumas recomendações de uso de óculos de segurança para proteção dos olhos. A substi-
tuição do óculos pela viseira protege não somente os olhos do aplicador mas também o rosto.




Jaleco e calça hidro-repelentes: São confeccionados em tecido de algodão tratado para se torna-
rem hidro-repelentes, são apropriados para  proteger o corpo dos respingos do produto formula-
do e não para conter exposições extremamente acentuadas ou jatos dirigidos. É fundamental que
jatos não sejam dirigidos propositadamente à vestimenta e que o trabalhador mantenha-se limpo 
durante a aplicação.
Os tecidos de algodão com tratamento hidro-repelente ajudam a evitar o molhamento e a passa-
gem do produto tóxico para o interior da roupa, sem impedir a transpiração, tornando o equipa-
mento confortável.
Estes podem resistir até 30 lavagens, se manuseados de forma correta. Os tecidos devem ser 
preferencialmente claros, para reduzir a absorção de calor e ser de fácil lavagem, para permitir a
sua reutilização.
Há calças com reforço adicional nas pernas, que podem ser usadas nas aplicações onde exista
alta exposição do aplicador à calda do produto (pulverização com equipamento manual, por
exemplo).



Jaleco e calça em nãotecido São vestimentas de segurança confeccionados em nãotecido 
 (tipo Tyvek/Tychem QC). Existem vários tipos de nãotecidos e a diferença entre eles se dá pelo 
nível de proteção que oferecem. 
Além da hidro-repelência, oferecem impermeabilidade e maior resistência mecânica à névoas e às
partículas sólidas.
O uso de roupas de algodão por baixo da vestimenta melhoram sua performance, com maior
absorção do suor, melhorando o conforto ao trabalhador com relação ao calor.
As vestimentas confeccionadas em nãotecido têm durabilidade limitada e não devem ser utilizadas
quando danificadas.
As vestimentas de nãotecido não devem ser passadas a ferro, não são a prova ou retardantes de
chamas, podem criar eletricidade estática e não devem ser usadas próximo ao calor, fogo, faíscas
ou em ambiente potencialmente inflamável ou explosivo, pois se auto-consumirão.
As vestimentas em nãotecido devem ser destruídas em incineradores profissionais para não
causarem danos ao ambiente.



Boné árabe Confeccionado em tecido de algodão tratado para  tornar-se hidro-repelente.
Protege o couro cabeludo e o pescoço de respingos e do sol.



Capuz ou touca Peça integrante de jalecos ou macacões, podendo ser em tecidos de algodão
tratado para tornar-se hidro-repelente ou em nãotecido.
Substituem o boné árabe na proteção do couro cabeludo e pescoço.



Avental Produzido com material resistente a solventes orgânicos (PVC, bagum, tecido
emborrachado aluminizado, nylon resinado ou nãotecidos), aumenta a proteção do aplicador
contra respingos de produtos concentrados durante a preparação da calda ou de eventuais
vazamentos de equipamentos de aplicação costal.




Botas Devem ser impermeáveis, preferencialmente de cano alto e resistentes aos solventes
orgânicos, por exemplo, PVC.
Sua função é a proteção dos pés. É o único equipamento que não possui C.A.

Risco X exposição x operação
Os EPI não foram desenvolvidos para substituir os demais cuidados na aplicação e sim para complementá-los, evitando-se a exposição. Para reduzir os riscos de contaminação, as operações de manuseio e aplicação devem ser realizadas com cuidado, para evitar ao máximo a exposição.
Atenção: Esta tabela não deve ser considerada como único critério para utilização dos EPI. As condições do ambiente de trabalho poderão exigir o uso de mais itens ou dispensar outros para aumentar a segurança e o conforto do aplicador. Leia as recomendações do rótulo e bula. Observe a legislação pertinente.

Uso dos EPI
Para proteger adequadamente, os EPI deverão ser vestidos e retirados de forma correta.

Veja como vestir os EPI:
1. Calça e Jaleco A calça e o jaleco devem ser vestidos sobre a roupa comum, fato que permitirá
a retirada da vestimenta em locais abertos. Os EPI podem ser usados sobre uma bermuda e
camiseta de algodão, para aumentar o conforto. O aplicador deve vestir primeiro a calça do EPI,
em seguida o jaleco, certificando-se este fique sobre a calça e perfeitamente ajustado. O velcro
deve ser fechado com os cordões para dentro da roupa. Caso o jaleco de seu EPI possua capuz,
assegure-se que este estará devidamente vestido pois, caso contrário, facilitará o acúmulo e
retenção de produto, servindo como um compartimento. Vale ressaltar que o EPI deve ser
compatível com o tamanho do aplicador.



2. Botas Impermeáveis, devem ser calçadas sobre meias de algodão de cano longo, para evitar
atrito com os pés, tornozelos e canela. As bocas da calça do EPI sempre devem estar para fora
do cano das botas, a fim de impedir o escorrimento do produto tóxico para o interior do calçado.



3. Avental Impermeável Deve ser utilizado na parte da frente do jaleco durante o preparo da calda
e pode ser usado na parte de traz do jaleco durante as aplicações com equipamento costal.
Para aplicações com equipamento costal é fundamental que o pulverizador esteja funcionando
bem e sem apresentar vazamentos.



4. Respirador Deve ser colocado de forma que os dois elásticos fiquem fixados corretamente e 
sem dobras, um fixado
na parte superior da cabeça e outro na parte inferior, na altura do pescoço, sem apertar as 
orelhas. O respirador deve encaixar perfeitamente na face do trabalhador, não permitindo que 
haja abertura para a entrada de partículas, névoas
ou vapores. Para usar o respirador, o trabalhador deve estar sempre bem barbeado.







5. Viseira facial Deve ser ajustada firmemente na testa, mas sem apertar a cabeça do trabalhador.
A viseira deve ficar um pouco afastada do rosto para não embaçar.



6. Boné árabe Deve ser colocado na cabeça sobre a viseira. O velcro do boné árabe deve ser
ajustado sobre a viseira facial, assegurando que toda a face estará protegida, assim como o
pescoço e a cabeça.



7. Luvas Último equipamento a ser vestido, devem ser usadas de forma a evitar o contato do
produto tóxico com as mãos.
As luvas devem ser compradas de acordo com o tamanho das mãos do usuário, (não podendo
ser muito justas, para facilitar a colocação e a retirada, e nem muito grandes, para não atrapalhar
o tato e causar acidentes).
As luvas devem ser colocadas normalmente para dentro das mangas do jaleco, com exceção de
quando o trabalhador pulveriza dirigindo o jato para alvos que estão acima da linha do seu ombro
(para o alto).
Nesse caso, as luvas devem ser usadas para fora das mangas do jaleco. O objetivo é evitar que o
produto aplicado escorra para dentro das luvas e atinja as mãos.

Como retirar os EPI

Após a aplicação, normalmente a superfície externa dos EPI está contaminada. Portanto, na 
retirada dos EPI, é importante evitar o contato das áreas mais atingidas com o corpo do usuário. 
Antes de começar retirar os EPI, recomenda-se que o aplicador lave as luvas vestidas. 
Isto ajudará a reduzir os riscos de exposição acidental.
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Veja agora a maneira correta para a retirada dos EPI:

1. Boné árabe Deve-se desprender o velcro e retirá-lo com cuidado.



2. Viseira facial Deve-se desprender o velcro e colocá-la em um local de forma a evitar arranhões



3. Avental Deve ser retirado desatando-se o laço e puxando-se o velcro em seguida.



4. Jaleco Deve-se desamarrar o cordão, em seguida curvar o tronco para baixo e puxar a parte
superior (os ombros) simultaneamente, de maneira que o jaleco não seja virado do avesso e a
parte contaminada atinja o rosto.



5. Botas Durante a pulverização, principalmente com equipamento costal, as botas são as partes
mais atingidas pela calda.
Devem ser retiradas em local limpo, onde o aplicador não suje os pés.



6. Calça Deve-se desamarrar o cordão e deslizar pelas pernas do aplicador sem serem viradas 
do avesso.



7. Luvas Deve-se puxar a ponta dos dedos das duas luvas aos poucos, de forma que elas possam
ir se desprendendo simultaneamente.
Não devem ser viradas ao avesso, o que dificultaria o próximo uso e contaminaria a parte interna.



8. Respirador Deve ser o último EPI a ser retirado, sendo guardado separado dos demais
equipamentos para evitar contaminações das partes internas e dos filtros.



Importante: após a aplicação, o trabalhador deve tomar banho com bastante água e sabonete,
vestindo roupas LIMPAS a seguir.

Lavagem e manutenção
Os EPI devem ser lavados e guardados corretamente, para assegurar maior vida útil. Os EPI devem ser mantidos separados das roupas da família.

Lavagem
A pessoa que for lavar os EPI, deve usar luvas a base de Nitrila ou Neoprene.
As vestimentas de proteção devem ser abundantemente enxaguadas com água corrente para diluir e remover os resíduos da calda de pulverização.
A lavagem deve ser feita de forma cuidadosa, preferencialmente com sabão neutro (sabão de coco). As vestimentas não devem ficar de molho. Em seguida, as peças devem ser bem enxaguadas para remover todo o sabão.
O uso de alvejantes não é recomendado, pois vai danificar o tratamento do tecido.
As vestimentas devem ser secas à sombra. Atenção: somente use máquinas de lavar ou secar, quando houver recomendações do fabricante.

As botas, as luvas e a viseira devem ser enxaguadas com água abundante após cada uso. É 
importante que a VISEIRA NÃO SEJA ESFREGADA, pois isto poderá arranhá-la, diminuindo a transparência. Os respiradores devem ser mantidos conforme instruções específicas que 
acompanham cada modelo. Respiradores com manutenção (com filtros especiais para reposição) 
devem ser higienizados e armazenados em local limpo. Filtros não saturados devem ser envolvidos 
em uma embalagem limpa para diminuir o contato com o ar.

Reativação do tratamento hidro-repelente

Testes comprovam que, quando as calças e jalecos confeccionados em tecido de algodão tratado,
 para tornarem-se hidro-repelentes, são passados a ferro (150 a 180°C), a vida útil é maior. 
Somente as vestimentas de algodão podem ser passadas a ferro. Descarte
A durabilidade das vestimentas deve ser informada pelos fabricantes e checada rotineiramente 
pelo usuário. Os EPI devem ser descartados quando não oferecem os níveis de proteção exigidos. Antes de ser descartadas, as vestimentas devem ser lavadas para que os resíduos do produto 
fitossanitário sejam removidos, permitindo-se o descarte comum.
Atenção: antes do descarte, as vestimentas de proteção devem ser rasgadas para evitar a 
reutilização.



Mitos

Existem alguns mitos que não servem mais como desculpa para não usar EPI:

EPI são desconfortáveis

Realmente os EPI eram muito desconfortáveis no passado, mas, atualmente, existem EPI confeccionados com materiais leves e confortáveis. A sensação de desconforto está associada a fatores como a falta de treinamento e ao uso incorreto.

O Aplicador não usa EPI

O trabalhador recusa-se a usar os EPI somente quando não foi conscientizado do risco e da importância de proteger sua saúde. O aplicador profissional exige os EPI para trabalhar. Na década de 80, quase ninguém usava cinto de segurança nos automóveis. Hoje, a maioria dos motoristas usam e reconhecem a importância.

EPI são caros Estudos comprovam que os gastos com EPI representam, em média, menos de 
 0,05% dos investimentos necessários para uma lavoura. Alguns casos como a soja e milho, o 
custo cai para menos de 0,01%. Insumos, fertilizantes, sementes, produtos fitossanitários, 
mão-de-obra, custos administrativos e outros materiais somam mais de 99,95%. O uso dos EPI é 
obrigatório e não cumprimento da legislação poderá acarretar em multas e ações trabalhistas. 
 Precisamos considerar os EPI como insumos agrícolas obrigatórios.

Consideracões Finais

O simples fornecimento dos equipamentos de proteção individual não garante a proteção da saúde do trabalhador e nem evita contaminações. Incorretamente utilizados, os EPI podem comprometer ainda mais a segurança do trabalhador.
Acreditamos que o desenvolvimento da percepção do risco aliado a um conjunto de informações e regras básicas de segurança são as ferramentas mais importantes para evitar a exposição e assegurar o sucesso das medidas individuais de proteção a saúde do trabalhador.
O uso correto dos EPI é um tema que vem evoluindo rapidamente e exige a reciclagem contínua dos profissionais que atuam na área de ciências agrárias através de treinamentos e do acesso a informações atualizadas. Bem informado, o profissional de ciências agrárias poderá adotar medidas cada vez mais econômicas e eficazes para proteger a saúde dos trabalhadores, além de evitar problemas trabalhistas.