Quase quatro mil
pessoas morrem no Brasil por ano em acidentes de trabalho, e a maior parte das
vítimas são jovens entre 25 e 29 anos. O alerta é do coordenador nacional do
Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), José Augusto da Silva Filho, que
participou de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado,
para tratar da segurança dos trabalhadores brasileiros.
Segundo ele, a classe
trabalhadora no país ainda é ameaçada pela flexibilização da legislação
trabalhista, pelo desrespeito às leis e pela falta de estrutura do Ministério
do Trabalho, que não fiscaliza as empresas como deveria.
- O resultado deste
quadro é que os acidentes laborais custam R$ 32 bilhões por ano aos cofres
públicos. A prevenção ainda é a forma mais importante para se evitar prejuízos
e incapacitação, mas o governo não tem investido mais em grandes campanhas
nacionais de conscientização - lamentou.
José Augusto da Silva
Filho aproveitou para advertir os sindicatos sobre a importância de se investir
em cursos de capacitação e formação para seus quadros. Além disso, ele defendeu
a criação de departamentos especializados, a elaboração de estudos e pesquisas
e a contratação de consultorias.
- Não basta ficarmos só
reclamando dos patrões. Temos que fazer a nossa parte também. Sem gente
qualificada, como vamos nos sentar à mesa para negociar? Existem assessores
jurídicos e contábeis para todo lado; por que os sindicatos não contratam
assessores em segurança e em saúde no trabalho? - indagou.
Dois mil acidentes por
dia
A audiência pública foi
presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que levou aos convidados mais
números da área. Conforme dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho
do Ministério da Previdência Social apresentados pelo senador, em 2010,
ocorreram 701 mil acidentes de trabalho no Brasil, uma média de quase dois mil
por dia. Em 2009, foram 733 mil; e em 2008, 755 mil.
As estatísticas, no
entanto, são subestimadas, alerta o representante da Nova Central Sindical
(NCS), Luiz Antônio Festino. Ele explicou que muitos casos não chegam ao
conhecimento dos ministérios do Trabalho, da Saúde e da Previdência Social; e,
além disso, os dados oficiais não incluem os servidores públicos, os militares
e os trabalhadores que estão na informalidade.