A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), oriunda da NR5 do Ministério do Trabalho já foi amplamente divulgada no
ambiente organizacional. Essa Norma Regulamentadora, por sua vez, está
condicionada ao grau de risco, do número de funcionários por estabelecimento e
código de atividade econômica da organização. Seu objetivo é prevenir acidentes
e doenças decorrentes do trabalho, preservando a vida e a saúde dos
profissionais. O fruto da NR5 culmina na realização da conhecida Semana Interna
de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), um evento obrigatório, segundo a
legislação brasileira.
Saindo um pouco do campo jurídico, que merece todo
respeito e atenção, sabemos que no dia a dia muitos acidentes de trabalho podem
ser evitados quando as pessoas quebram paradigmas e se conscientizam que a vida
delas não depende apenas da organização, mas sim do comportamento que elas
adotam nas rotinas laborais. Mas como quebrar determinadas resistências e
fazê-las abandonar hábitos que praticam insistentemente, muitas vezes, durante
anos? A seguir, algumas sugestões que as organizações podem instituir de forma
gradual e contínua.
1 - A participação ativa dos gestores é
indispensável em qualquer processo de Gestão de Pessoas. Por isso, ao promover
reuniões periódicas a liderança pode enfatizar para sua equipe a importância de
se respeitar as normas internas de segurança. Inclusive, o próprio líder deve
ser o primeiro a cumpri-las e servir de exemplo para os demais profissionais
que estão sob sua responsabilidade.
2 - Apresentar estatísticas de acidentes no
trabalho, vindas de fontes confiáveis como órgãos governamentais ou mesmo
sindicatos é outra estratégia para alertar os colaboradores de que a prevenção
é o melhor caminho para evitar acidentes.
3 - Se possível, a empresa pode formular cartilhas
sobre segurança no trabalho e distribuí-las para os funcionários. Alguns
exemplares, para fins de consulta, podem ficar em locais estratégicos como
refeitórios, recepções ou locais que tenham fluxo significativo de profissionais.
4 - Enfatize em toda ação de prevenção que o
acidente de trabalho não vitima apenas o trabalhador. Com ele, também sofrem a
família e os amigos que o amam. Isso fará lembrar aos profissionais que suas
vidas não são valiosas apenas para eles, mas para muitos e, inclusive, para a
empresa.
5 - Mais uma vez, os canais de comunicação interna
tornam-se grandes aliados da Gestão de Pessoas. Os murais, os jornais
impressos, entre outros, devem regularmente focar assuntos relacionados à
segurança no trabalho, lembrando as principais ações a serem adotadas na rotina
da empresa.
6 - Há organizações que conscientizam os
trabalhadores através de iniciativas motivacionais. Pode-se instituir, por
exemplo, uma ação para divulgar o "Amigo da Segurança". Mensalmente
um profissional receberia esse título, para estimulá-lo a continuar a aplicar
as normas de segurança. O "Amigo da Segurança" pode servir de
inspiração para os demais colegas. Para que esse reconhecimento não caia no
"esquecimento", a empresa pode presentear o colaborador - que ganhou
o título - com uma medalha, um diploma ou uma camiseta com o símbolo da SIPAT.
7 - Profissionais mais experientes geralmente
servem de exemplo para quem começa uma carreira. Por esse motivo, uma ação
interessante é convidar esses profissionais para serem mentores dos colegas que
insistem em pensar que os acidentes só "acontecem com os outros".
Trata-se aqui de uma ação "light", onde o mentor ao ver que um colega
não utiliza um capacete pode falar de maneira amigável: "João, o capacete
está esperando por você. Ele evita dores de cabeça". Todas as orientações
surgirão naturalmente, sempre dentro de um clima agradável e de espírito de
equipe.
8 - A empresa precisa comemorar cada expediente em
que não ocorreu acidente de trabalho. Em um local como o refeitório, pode-se
colocar um "placar" que contabilize o número de dias em que todos os
profissionais voltaram para suas casas como chegaram: sem sofrerem qualquer
tipo de acidente de trabalho.
9 - Caso um funcionário sofra um acidente durante o
expediente e por negligência, depois de sua total recuperação, se possível, a
empresa pode convidá-lo para dar uma "palestra", um depoimento para
seus pares. Ao ouvirem as consequências que o fato causou àquele colaborador,
muitos se conscientizarão de que basta apenas um segundo para que algo coloque
em risco a integridade física, emocional e a própria vida.
10 - Escute os colaboradores. Uma caixa de
sugestões colocada estrategicamente em um local onde o fluxo de pessoas é
significativo, geralmente recebe sugestões, dicas e até mesmo
"denúncias" de que algo não está bem no ambiente de trabalho,
inclusive questões relacionadas à segurança do trabalho. É bom salientar que o
sigilo, de quem se manifestou e tomou a iniciativa de "falar" com a
empresa, será garantido. Toda informação, principalmente as consideradas
graves, precisam ser apuradas com cautela e em curto espaço de tempo.
Com Michael David..
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